Eu quis fugir. Deixar tudo para traz, correr atrás só do que eu achava que poderia me levar para frente. Eu não chorava. Segurei até o final. Não ia dar esse “gostinho” para mim mesma.
Pensei: “ Nossa, vão pensar que eu sou durona”. E entrei no ônibus sem dizer obrigada. Ocupei meu lugar e briguei comigo mesma; querendo saber a quem estava tentando enganar daquele jeito. Fingindo que não, mas sofrendo como ninguém! Nem a eles eu estava enganando mais. Pois eles sim me conheciam muito bem. Eles sabem que qualquer coisa me faz chorar.
Sentei ali no meu lugar. Poltrona 33. Nossa; idade de Cristo será que é um sinal para eu ficar? Tudo pra mim naquele momento era decisivo. Qualquer coisa pareceria um sinal para eu não ir. Era um rapaz que se sentava na 32 do meu lado. Parecia que ele estava na mesma situação que a minha, mas ele era mais corajoso que eu, pois ele sim chorava. Fiquei com um pouco de vergonha. Nunca tinha visto homem chorar assim, tão de perto, parecia que era por minha culpa! E eu não sabia o que fazer, se sentava ali do lado dele como se nada tivesse acontecendo, ou se lhe fazia um comentário inútil, mas no entanto engraçado. Optei por pegar um copo de água e encher minha boca com aquilo e não falar nada.
O ônibus era com certeza muito confortável. Até nisso eles pensaram, no meu conforto antes de eu ir embora! Que idiota que eu sou... Meu Deus. E se você quiser pode até pensar que eu não tenho coração. Eles continuavam ali, na estação, esperando por um último tchau e eu só esperando para que o maldito ônibus andasse logo para nunca mais ter que ver eles. Na verdade, queria vê-los para o resto de minha vida. Mas é claro que nunca assumiria isso.
O motorista deu a partida no ônibus e meu coração partiu ao ver o sofrimento que eu estava causando. Pra me auto-consolar pensava: “ Finalmente, ainda bem...” E tentando enganar a quem com isso tudo? Eu mesma!
Os braços deles se levantaram e acenaram para mim, se abraçaram tentando consolar um ao outro e eu firme economizando até no tchau. Silêncio. O mundo parou naquele momento. Tudo o que eu tinha na vida estava ficando para trás. Tudo. Toda uma vida. Tudo.
Se chorei depois? É claro que não. Ofereci meus lenços de papel para o moço do meu lado. Ele usou o pacote todo. Cheguei. Tô até agora sem chorar você acredita nisso? Nem eu!
Vou deitar e dormir. Quem sabe no sonho eu chore! Talvez nem sonhar eu sonhe mais. Pra mim acabou. Terminou. Eles me ligam as vezes. Mas eu quase não os atendo. Eles ainda choram. E eu ainda sofro porque não tenho coragem de chorar.
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